Amor de mãe não morre, só muda de atmosfera

Dia 19 de feveiro de 2018: há 1 ano, esta princesa que estava dentro da barriga resolveu ir embora antes mesmo de nascer. Heloísa partiu numa manhã de domingo.

Sei que estas primeiras datas são bem intensas. A Clarinha, minha filha mais velha que tem 4 anos, estava me explicando como eu devia fazer o bolo de cenoura com cobertura de chocolate, como eu teria que arrumar a casa, chamar os seus amigos da escola… até que, quando escurecesse, a Heloísa e o anjinho iriam ver a festa que fizemos para ela de 1 aninho! Ah, esse amor de irmãos não muda… assim como o meu amor por elas…o amor do Matheus por elas…

Esse ano que passou foi um ano diferente. Vou usar a palavra INTENSO novamente. A maternidade é realmente uma coisa maluca, aprendo todos os dias com a Clara e, acreditem, com a Heloísa! Ela me abriu a um mundo novo, me fez conhecer outras famílias extraordinárias que passaram pelo mesmo que nós, me fez conhecer amigos que se sensibilizam conosco. Fez o grupo TRANSFORMAÇÃO surgir em Araraquara. Sim, um grupo lindoooooo de apoio a perdas gestacionais e neonatais – porque ouvir outras famílias que tiveram essas perdas me ajudou muuuito no meu reestabelecimento emocional.

Fez a Mimos em linha – by Perla nascer, com amigurumis, bichinhos de crochê que conheci na gestação da Heloísa, mas que pareciam estar em um “mundo diferente”, não encontrava nada sobre eles, não achava um vídeo sequer no YouTube que me ensinasse a fazê-los durante a sua gestação! Entretanto, quando ela partiu, parece que o Google “sentiu” que eu estava precisando me “Transformar” e mostrou vídeos ensinando a fazer a minha terapia diária que hoje está sendo uma nova fonte de renda! Ela também me fez sentir “mais mulher do que nunca”, do tipo que deixa a “mulher maravilha” no chinelo!

E a vida é assim… Quero continuar sendo exemplo para as minhas meninas, lutando por causas que acredito serem justas e necessárias, como a concessão de licença-maternidade para as funcionárias públicas do Estado de São Paulo, mães de natimortos, como a HUMANIZAÇÃO do atendimento hospitalar durante perdas gestacionais e neonatais… e outras causas que forem surgindo!

Esse foi meu jeito de transformar a minha dor! Assim deixo o meu amor exposto! Vou falar sempre das minhas filhas, podem ir se acostumando, porque amor de mãe não morre, só muda de atmosfera!