Parece que o Dia dos Pais nasceu como uma homenagem de uma filha ao pai, que teria criado sozinho seis filhos após a morte da esposa em trabalho de parto. A minha esposa está comigo, mas essa homenagem também se conecta a mim, pois não sou menos pai.
Tudo aconteceu em uma fração de segundo e aqui estamos nós, “duas almas perdidas, nadando num aquário”, como diz a música do Pink Floyd. A dor e o vazio, que não vão passar, aparecem em momentos inesperados. E eu permito, pois é o nosso diálogo silencioso de afeto.
Passei a rir diferente, um riso que cumpre o seu papel de armadura. Me pego contemplando outras crianças, que frequentemente se solidarizam com os meus braços vazios.
No Dia dos Pais, infelizmente não terei foto no Instagram e não levarei minha filha para passear, mas buscarei o refúgio que está dentro de mim, lugar no qual estarei de banho tomado e sorridente para receber o presente que chegará pela conexão do meu pensamento.
Hoje faz três dias que perdi minha filha, Elisa. Ela viveu 12 dias, a tempo de me dar o primeiro e o melhor dia dos pais da minha vida! Vou buscar construir também esse refúgio interior, pois lá poderei encontrar a paz e alívio para essa dor que parece ser eterna!